Novela da Minha Vida Profissional

ROBERTO CARLOS E EU



Na minha carreira de repórter e produtor de Rádio e TV tive vários episódios envolvendo o “rei” da Jovem Guarda. No primeiro deles, Roberto despontava com a música “Calhambeque” e veio se apresentar no programa “Noite de Black-tie”, comandado por Luiz Geraldo no auditório da TV-Jornal. Eu era assistente da direção administrativa da TV e logo após o show fui convocado para convidar Roberto a um encontro com a família do fundador da Empresa Jornal do Commercio, dr. F. Pessoa de Queiroz,  que estava no seu gabinete, ao lado também dos netinhos. Fui encontrar o artista já dentro do carro que o conduziria ao hotel.  Diante do convite, Roberto desculpou-se alegando cansaço e se prontificou a receber a  todos no São Domingos, hotel onde estava hospedado, o que realmente aconteceu.  A família Pessoa de Queiroz  não entendeu como prepotência do artista e se deslocou  até o hotel, onde foi carinhosamente recebida pelo grande ídolo da juventude e eu me saí bem da tarefa. 


NATAL EM MAIO

       Na década de 80 lá estava eu no extinto Othon Palace Hotel, em Boa Viagem para participar de uma entrevista coletiva com Roberto Carlos, que faria um show no mesmo dia no Geraldão. Compareci na condição de  produtor-executivo do “Programa Samir Abou Hana”, da Radio Tamandaré, líder de audiência na época.   Tinha sido encarregado por Samir de obter algo que eu próprio não esperava que fosse conseguir.  Mas, engatei o pedido  inusitado para o meio do ano  (era o mês de Maio) logoque a coletiva terminou: - “Roberto, grava uma mensagem de Natal para os ouvintes da  Radio Tamandaré”.  Lembro que Roberto deu uma gostosa gargalhada: - “Mas, bicho,  mensagem de Natal em pleno mês de maio?”

      A “risadagem”  tomou  conta da sala inteira. Os  puxa-sacos queriam agradar ao chefe. Foi quando Roberto surpreendeu a todos:
-  “O rapaz está certo. Eu não vou voltar este ano ao Recife e esta é a oportunidade que ele tem de fazer esse pedido. Vou atendê-lo. Liga o  gravador.’’  Naquele ano a Tamandaré teve o privilegio de irradiar uma mensagem natalina personalíssima  na voz do ídolo de todos os brasileiros, que hoje -19 de abril – faz mais um festejado aniversário.

NOVELA NO RÁDIO


Será que daria certo a volta da rádio-novela ?  Esse segmento é o de maior audiência da Rede Globo de Televisão hoje em dia.  No rádio isso também já aconteceu. Os empresários fogem da novela no rádio por causa dos custos. Mas, poderia se buscar um elenco da rádio-atores  nas escolas de comunicação ou no teatro a preço de experiência ou estágio. Fica a sugestão. Para quem acompanhou “Jerônimo – o Herói do Sertão” e outros seriados fica sempre dentro de nós a lembrança de um rádio inesquecível.

PROGRAMAS DE AUDITÓRIO


Os chamados “programas de auditório” conquistaram grande audiência e popularidade no rádio e na TV de Pernambuco. Hoje não existem mais.

Fui produtor de alguns deles:  “Festa de Brotos”, comandado por Antenor Aroxa, na Rádio Jornal;  “Programa Jota Ferreira”,  na TV-Jornal,  aos sábados, à tarde;  “A Noite é do 11”,na TV-Universitária, com José Maria Marques, cuja platéia  era formada por alunos das escolas públicas do Estado. Eram programas onde os artistas sentiam mais de perto o aplauso do público. 

Lamentávelmente, estão fora da pauta dos que fazem o  rádio e a TV nos dias de hoje, embora esses programas ainda existam em rede nacional.

(Miguel Santos)


A TV DO PASSADO


A programação da TV pernambucana (TV-Jornal e TV-Radio Clube) nos seus primeiros anos de vida, era inteiramente ao vivo. Começava às 4 da tarde e se encerrava às 11 da noite só com programas produzidos e apresentados por gente da terra e eventuais filmes. Hoje, com o advento das redes satelizadas, a TV passa o tempo todo ligada, difundindo a cultura do sudeste do País.

 A TV de ontem, apesar de toda a tecnologia de hoje, era melhor porque falava a nossa linguagem. Quem  acompanhou  “Noite de Black-tie”, comandado por Luiz Geraldo, e “Você faz o show”,  com Fernando Castelão, pode atestar  que nenhum programa do gênero produzido hoje suplanta em popularidade e qualidade aqueles  programas do passado, resguardada a parte tecnológica. Recordar é viver e...comparar. Se você se lembra pode perceber que eu tenho razão.

(Miguel Santos)

“ZÉ DO GATO”


Começou como redator esportivo. Depois, se tornou um dos mais populares comediantes da  TV pernambucana, chegando a ser cogitado para se transferir para o sul do País. Brivaldo Franklin de Melo atuou no departamento esportivo da Rádio Clube até se transferir para a Radio Jornal, abraçando a carreira de radio-ator.  Daí, virou comediante encarnando o matuto filósofo “Zé  do Gato”, criação do produtor Djalma Torres, outro talento pernambucano.  A atriz paulista Nair Silva formava a dupla cômica, que passou mais de três anos em evidencia na TV-Jornal. “Zé do Gato” fez historia na TV pernambucana. Humor brejeiro, jocoso, que não se faz mais hoje na Televisão brasileira.
(Miguel Santos)

LOCUTOR CARIOCA


Walter Lins, saudoso amigo, no auge de sua brilhante carreira de animador de auditório na Rádio Clube, costumava me convidar para acompanhá-lo toda vez que comparecia a  uma festinha em sua homenagem. 

Certa noite, estávamos numa dessas reuniões na casa de uma fã, quando Walter  resolveu, de surpresa,  me apresentar como se eu fosse um famoso locutor da Radio Nacional  do Rio de Janeiro, de passagem pelo Recife. 

Assumi o papel na certeza de  que Walter iria revelar que tudo não passava de uma brincadeira e que eu era na época um jovem jornalista, correspondente da “Revista do Rádio”.  Mas, a brincadeira foi longe demais.  Walter segurou a “onda” e eu passei a noite toda cumprimentando gente, dando autógrafos e falando com voz impostada de locutor carioca para não comprometer  o querido e inesquecível amigo. Coisas da nossa juventude!

(Miguel Santos)

O PODER DA CONCORRÊNCIA


Vejam como a concorrência influi na melhoria da qualidade de  qualquer produto consumido pelas pessoas. A Rádio Jornal, por exemplo, se mantinha na liderança de audiência, chegando a demitir alguns de seus bons profissionais. 

Alguns demitidos foram reforçar a programação da Rádio Tranzamerica do Recife, cuja audiência cresceu com isso. Resultado: a  Emissora Líder modificou sua programação para não perder pontos na preferência popular para  a nova concorrente, principalmente nos horários esportivos.  

Isso é bom para o ouvinte, já combalido pela falta de opções de bons programas no rádio pernambucano.

(Miguel Santos)

CACHÊ INUSITADO


Na qualidade de assistente da direção geral da TV-Jornal do Commercio, eu era encarregado de pagar os cachês de alguns atores e coadjuvantes que atuavam no elenco de “A Moça do Sobrado Grande”, a primeira novela produzida em Pernambuco em 1967 e que chegou a ser exibida na TV Bandeirantes de São Paulo. 

Comecei a estranhar que aparecia um nome na lista dos atores que eu nunca via aparecer nos capítulos da novela dirigida pelo experiente Jorge José de Santana. Curioso, fiz a pergunta ao cara: - “Você faz o que na novela ?”  De pronto, ele me respondeu; - “Não faço nada. Quem faz é o meu jumento que puxa a charrete.”  Realmente, havia isso no consagrado seriado,que reuniu Carmen Peixoto, Jones Melo, José Pimentel,Walter Breda, Carolina Andrade, Roberto Ney, entre muitos outros, além de 60 figurantes.

(Miguel Santos)


CIRANDA, CIRANDINHA


“Essa ciranda quem me deu foi  Lia, que mora na Ilha de Itamaracá”. Pena que essa dança tão típica de Pernambuco esteja  tão esquecida nos dias de hoje.  Na década de 70 ocorriam rodas de ciranda no Pátio de São Pedro, na pracinha de Boa Viagem,  na praia do Janga e na Ilha de Itamaracá. 

Cirandeiros  como Mestre Baracho, Dona Duda e Lia de Itamaracá eram ídolos do publico que adorava esse folguedo. Os compositores Edu Lobo e Capinam criaram a musica “Cirandeiro”, que o Rei Luiz Gonzaga gravou. Lamentavelmente,  a ciranda deixou de ser tão popular como era antes, certamente por culpa  dos órgãos que cuidam da nossa cultura .


(Miguel Santos)

JACKSON: 100 ANOS

 Quem teve o privilégio de assistir as apresentações de Jackson do Pandeiro e sua mulher, Almira Castilho no auditório do Rádio Jornal deve reconhecer o talento desse nordestino de valor. Este ano, Jackson completaria 100 anos  se estivesse vivo.

Cantor e compositor, nasceu em Alagoa Grande (Paraíba) em 31 de agosto de 1919. Começou tocando zabumba acompanhando a irmã cantora de coco-de-roda.  Morou em Campina Grande e João Pessoa, mas foi no Recife que seu nome se projetou como cantor de emboladas, coco, baião, xaxado  frevo, entre outros gêneros musicais. 

Tinha 35 anos quando gravou o primeiro grande sucesso: “Sebastiana”.  Depois vieram “Um a Um”, “Forró em Limoeiro” e uma carrada de 30 LPs, que o consagraram e a quem Luiz Gonzaga considerou o maior ritmista da historia da musica popular brasileira. José Gomes Filho era seu nome de batismo. Achou bonito Jack que era o nome de um artista do cinema mudo da época. Virou Jackson para ficar mais sonoro.  Morreu em Brasília e foi sepultado no Rio. E se transformou em um ícone da historia musical brasileira. 

(Miguel Santos)

TAMANDARÉ


Quando a Rádio Tamandaré inaugurou sua nova fase, em 1983, eu participava  de sua equipe de produção. O Sistema Verdes Mares de Comunicação, pertencente ao Grupo Edson Queiroz, com sede no Ceará, dava aos pernambucanos um grande presente em forma de comunicação criativa, moderna, vibrante e alegre.  Participavam da equipe de comunicadores Samir Abou Hana, Ednaldo Santos, Jota Albuquerque, Walter Lins e Lacerdinha, entre outros.  Na equipe esportiva estavam Rubens Souza, Luiz Cavalcanti, Edvaldo Morais, Carlos Miranda, Haroldo Rômulo, Uaci Matias. No jornalismo, Fernando Veloso, Paulo Fradique, Regina Lima, para citar somente esses. Em 9 meses de trabalho árduo colocamos a Tamandaré em primeiro lugar em audiência. Um feito extraordinário no rádio pernambucano.


(Miguel Santos)

A REVOADA


No inicio da sua existência (década de 60) a Televisão pernambucana revelou grandes talentos. E a revoada desses artistas consagrados em Pernambuco terminaria enriquecendo o elenco das TVs do sudeste do País. Na primeira leva, em 1964, seguiram: José Santa Cruz, Lucio Mauro, Arlete Sales e o produtor A.G. Melo Junior. O grupo maior seguiu  meses depois: Aguinaldo Batista, Luiz Queiroga, Meves Gama, Célio Roberto, Luiz Jacinto (o “Coroné Ludugero”), José Augusto Branco, Genival Lacerda, entre outros, além de técnicos de som e de imagem. Naquele tempo as Redes Bandeirantes, Globo e Associadas mantinham “olheiros” para catar talentos em Pernambuco. Bom para os artistas, mas um grande prejuízo para o nível artístico das Emissoras. 



(Miguel Santos)

LETRAS NA CARA


Galba Araujo, dublê de cantor e advogado competente, falecido no Rio de Janeiro, aonde foi morar, costumava aparecer nos bastidores durante o “Programa Jota Ferreira”, apresentado nas tardes do sábado no auditório da TV-Jornal.  Mesmo sem estar escalado, ele ia rever os amigos, como o próprio Jota, eu e Zuca Show, que trabalhava comigo na produção do programa.  Numa dessas vezes, faltando dois minutos para acabar o programa, Jota, de surpresa, achou de anunciar Galba para cantar. Galba entrou na maior empolgação.  Quando a musica ainda estava no primeiro minuto, foram inseridos, em superposição de imagem, os créditos finais do programa. Parte da musica foi só para a platéia. No final, Galba veio a mim para agradecer pela oportunidade e disse, meio intrigado: - “Só não entendi por que meteram aquelas “letras” na minha cara enquanto eu estava cantando...”  Preferi não explicar o ocorrido. 


(Miguel Santos)

ULTIMA HORA

 Tive o privilégio de trabalhar na Edição Nordeste do combativo jornal “Ultima Hora”, cuja redação ficava na Rua Visconde de Goiana, na Boa Vista. Era editor de uma coluna sobre o Rádio e a TV. Não era simplesmente um jornal.  Era uma escola de jornalismo. Não havia espaço para o corriqueiro. Textos e ilustrações eram tratados com mais rigor, objetividade e competência. Lembro de um fato que faz a diferença desse Jornal. No dia da Procissão do Senhor Morto pelas ruas do Recife o diretor Mucio Borges da Fonseca chamou o chefe do departamento fotográfico, Clodomir Bezerra, e solicitou uma foto do evento, mas que não aparecesse padre, freira e até mesmo o andor da procissão.  Clodomir gastou vários rolos de filmes fazendo inúmeras fotos, mas em todas apareciam as figuras ‘condenadas” pelo diretor do jornal. Desanimado, ele retornava para a redação,  quando avistou uma criancinha sentada no meio-fio da Ponte da Boa Vista, vestida como se fosse um anjinho, de mãos postas, como se estivesse rezando. Clodomir fez a foto, que foi a capa da primeira pagina do UH-N do dia seguinte, passando para o leitor todo o sentimento do ato religioso  O jornal era assim: surpreendente. Fechou por força do regime militar depois de 22 meses de existência.


(Miguel Santos)

A RÁDIO DAS MUDANÇAS

A Rádio Tamandaré fez historia no rádio pernambucano. Pertencia ás Emissoras Associadas e tinha estúdios no prédio do antigo Cinema Politheama, na Rua Barão de São Borja, na Boa Vista, onde realizava atraentes programas, inclusive de auditório.  Em 1960, nove anos depois  de inaugurada, a Emissora mudou de endereço e de programação com o surgimento da Televisão. Passou a funcionar no Palácio do Rádio, na Cruz Cabugá, onde se localizam hoje  a TV e a Radio Clube.  Ganhou uma programação musical semelhante a da Rádio Tamoio, do Rio de Janeiro, com o “slogan” que ficou famoso: “Rádio Tamandaré - musica somente musica e apenas um anúncio por intervalo”.

 Adquirida pelo Grupo Verdes Mares, de Fortaleza, a ZYK-20 mudou novamente de endereço e de Programação.  Passou a funcionar na Av. Mascarenhas de Morais,  na Imbiribeira, num prédio colado à revenda da Brasilgás do mesmo grupo. A programação foi entregue ao experiente radialista Samir Abou Hana, que reuniu uma equipe muito competente e em menos de nove meses colocou a Tamandaré líder em audiencia.  Atualmente, a Tamandaré  está servindo a uma Igreja evangélica, com estúdio no prédio de seus transmissores no bairro de Peixinhos. Foi a Emissora pernambucana  que mais mudou de endereço e de programação.


(Miguel Santos)

ERA DE OURO

Em 1954, fazendo um balanço de seu quadro artístico, a Rádio Jornal do Commercio mantinha em atividade em sua programação um elenco de 17 locutores;  31 radio-atores;  20 cantores; 11 produtores;  3 discotecários; 7 operadores de som e mais 2 orquestras e  3 conjuntos  musicais. Na equipe esportiva atuavam 6 narradores; 8 redatores;  5 técnicos de som. Boa parte desse elenco se apresentava em programas de auditório para um publico médio de 750 pessoas (lotação da platéia). Quando menino, fui um de seus frequentadores.
       
Só as grandes redes de Televisão – nos dias de hoje – conseguem suplantar esse quadro artístico da Emissora do Grupo Jornal do Commercio  nos primeiros anos de sua existência.  Era quando o rádio reinava, absoluto, na preferência popular.
Prédio dos Transmissores do Rádio Jornal em Santana






(Miguel Santos)

UM PIONEIRO


Luiz Geraldo Vieira da Silva foi um pioneiro da TV pernambucana. Sua imagem foi a primeira levada ao ar ainda na fase experimental da TV-Jornal do Commercio em 1960. Antes disso foi locutor de rádio de 53 a 62. De origem humilde foi um batalhador, um obstinado. Enveredou pelo ramo da propaganda e fundou a Aliança Comunicação, entregue  hoje aos seus filhos. Mas, foi como apresentador do programa   “Noite de Black-tie”, que ele ganhou notoriedade, sendo admirado pelo publico  telespectador.  No inicio, tendo omo parceiro o cronista esportivo Barbosa Filho. Depois, surgiram ao seu lado as apresentadoras  Floriza Rossi, Cacilda Lanuza,  Lolita Rodrigues, Carmen Peixoto e Rosita Gonzalez.  Os maiores nomes da musica nacional e até internacional chegaram a participar do programa, inclusive Roberto Carlos. Um quadro do programa ganhou fama: “Cadeira de Engraxate”, em que o saudoso Rui Cabral entrevistava personalidades, entre as quais o Presidente da Republica, Juscelino Kubstcheck.  Luiz Geraldo nos deixou nesta segunda-feira (30/09/2019) e foi gozar da paz eterna

INOVAÇÃO NO RÁDIO


 Pouca gente sabe, mas a Rádio Capibaribe lançou uma inovação na radiofonia pernambucana: a função de operador de som exercida por mulheres, coisa muito rara no rádio do Brasil. A invenção que deu certo foi do diretor técnico da  Emissora, o alemão Otto Schiller, que se valeu da sensibilidade e da dedicação, tão comum na mulher, para  promover essa inovação.  

Assim, nos primeiros anos de funcionamento controle de som da Capibaribe era comandado por quatro operadoras, cujos nomes não me recordo mais. A Emissora tinha estúdios na Rua Siqueira Campos, no centro da cidade. Depois, foram transferidos para a sede dos transmissores no bairro de Cajueiro. Hoje,  lamentavelmente, a Capibaribe, que passou a  se chamar Jovem Cap, está fora do ar, sem previsão de voltar.


(Miguel Santos)




HUMOR NA TV


Na fase mais gloriosa da Televisão pernambucana os programas humorísticos faziam muito sucesso e revelaram talentos para a TV nacional. Como produtores de humor, criadores de quadros e personagens, lembro dos nomes de Luiz  Queiroga, Hilton Marques, Emanoel Rodrigues, Djalma Torres, entre outros. 

Os humoristas mais aplaudidos na década de 60 eram: José SantaCruz, Aguinaldo Batista, Luiz Jacinto,Brivaldo Franklin e César Brasil.  Todos faziam rir  o telespectador da  TV-Jornal e TV-Rádio Clube – as duas Emissoras da época. Hoje em dia, a Televisão pernambucana faz a gente chorar de pena pela total falta de criatividade e de ídolos.



(Miguel Santos)

PROGRAMA ÚNICO

 Imaginem vocês um programa da Globo sendo transmitido simultaneamente pelas demais redes de Televisão. Isso jamais vai acontecer,  não é verdade ?  Mas, na TV pernambucana isso já aconteceu. Foi nos idos de 1962, quando só existiam a TV-Jornal e a TV-Rádio Clube  e se uniram para produzir e transmitir, simultaneamente, o programa “Revista”.

A ideia foi do publicitário Vicente Silva, dono da Viçar Publicidade,  para o3 seu cliente “Bônus  BS”. Uma semana uma Emissora produzia o programa transmitido em cadeia com a outra. Na semana seguinte se dava o rodízio.  Houve até um concurso popular para saber qual das duas Emissoras fazia o melhor.  Constavam dos programas  quadros de humor, musica, dança, reportagens, além da participação de artistas do sul do  País.  Até hoje, pode-se dizer, que “Revista” foi um programa inédito na TV brasileira.


(Miguel Santos)

OFERTAS & DIVIDAS


”Ninguém vende mais barato”,  “Loucura de preços”,  “Descontos de até 70%” e vai  por aí. São os apelos publicitários que muitas lojas se utilizam Para atrair a clientela.  Alguns produtos podem até estar com descontos, mas porque já estão fora do catálogo dos fabricantes ou com validade próxima de se vencer ou ainda estocada há muito tempo no deposito.  De qualquer forma essa é a maneira hoje dos lojistas atraírem consumidores, que adoram a chamada compra por impulso.  Muitas vezes nem estão precisando, mas caem no golpe da oferta e aumentam suas dividas. Fazer a chamada economia é um dever de todo cidadão que vive essa crise que ninguém sabe quando  vai terminar. Pense assim!

(Miguel Santos)

CADÊ A JOVEM CAP?

Quem se lembra ainda da Rádio Capibaribe ou o apelido que botaram nela – Jovem Cap ? Nasceu graças a um grupo de investidores entusiastas, `a frente Arnaldo Moreira Pinto e seu filho, Humberto. Viveu seus primeiros anos graças aos esforços de destacados radialistas, como Cezar Brasil, Samir Abou Hana, Edson Lima, Genivaldo di Paci, Reinaldo Filho, entre outros. A Capibaribe silenciou e ninguém sabe se foi para sempre. Falou-se que voltaria na banda FM, mas nem a sua ultima diretora, Carminha Pereira, se manifesta a respeito. É mais uma perda irreparável para o radio pernambucano.


(Miguel Santos)

REPÓRTER ESSO

Era um verdadeiro patrimônio do rádio brasileiro. Líder de audiência incontestável, o “Repórter Esso” foi iniciado no Rio de Janeiro em 1941, em plena Segunda Guerra Mundial. Estreou na TV em 1952, na extinta TV-Tupi. Era produzido pelas Emissoras contratadas, mas sob o controle da agencia de publicidade McCann Erickson, que mantinha uma vigilância em torno da produção e apresentação dos noticiosos. Edson de Almeida se notabilizou como um dos melhores apresentadores do programa.
Guardo comigo até hoje o Manual de Produção,  editado para ser obedecido pelos redatores,  produtores e apresentadores. A UPI – United Press International – fornecia textos,  fotos e vídeos das mais importantes noticias mundiais. Acho que até  hoje nenhum outro noticiário no Rádio e na TV superou a audiência e a credibilidade do “Repórter Esso”.

(Miguel Santos)

CENTENÁRIOS

O mês de abril de 2019 está chegando com dois importantes aniversários: os 100 anos do Jornal do Commercio (02/04) e da Rádio Clube (19/04). Pernambuco se orgulha do centenário desses dois importantes veículos de comunicação. 

Trabalhei no JC  em 1965, exercendo funções de auxiliar do Departamento Comercial e como redator das colunas de Rádio e TV, por indicação do Sr.Luiz Felipe Vieira, então gerente geral da Rádio e TV-Jornal.  Fui, também, na mesma época, produtor de um programa na Rádio (“Disco-Brinde”), comandado por Nilson Lins.

Na Radio Clube, trabalhei em 1998,  como produtor do “Programa Samir Abou Hana”.  Jornal do Commercio e Rádio Clube são dois marcos da comunicação, orgulho dos pernambucanos como eu.

(Miguel Santos)

O RÁDIO DE HOJE

Muito tempo atrás, quando o mundo não tinha televisão nem internet, O rádio imperava soberano. Era fonte de noticias, musica e entretenimento. Não havia quem não tivesse um aparelho de rádio em casa. Hoje, com o surgimento de redes sociais, internet e televisão,entre outros meios de comunicação,  o rádio pena para sobreviver.

Todo ano vem perdendo audiência e faturamento.  Em conseqüência,  o nível de qualidade cai também. Principalmente as que se dedicam à música. Falta também criatividade, porque não existe quem cuide da produção.  Os atuais comunicadores falam o que querem sem saberem o que o ouvinte quer escutar. E a sintonia fica cada vez mais lenta, mais devagar quase parando. 


(Miguel Santos)

SHOPPINGS


Muito louvável a iniciativa de alguns shoppings em promover prévias carnavalescas com os artistas que fazem o Carnaval pernambucano. São novos espaços que favorecem a divulgação dos ritmos que animam a nossa maior festa popular. O nosso frevo precisa muito desse incentivo para que não seja esquecido pelas novas gerações. Parabéns aos shoppings por essa ajuda muito oportuna e necessária à nossa cultura popular.



(Miguel Santos)

CANTOR CAMELÔ

Com o fechamento da grande maioria das lojas de discos, a venda do produto se tornou mais difícil. Resultado: alguns cantores resolveram vender seu trabalho diretamente ao publico, sem intermediários. É o caso de Augusto Cezar, ganhador de um Disco de Ouro com a musica “Escalada” e que algum dia  pode ser encontrado em alguma rua  do centro da cidade autografando seus discos aos admiradores. Conheci Augusto Cezar quando dirigia o Programa Jota Ferreira,  no auditório da TV-Jornal,  depois que ele “estagiou” como calouro do Programa Paulo Marques. Com 23 discos gravados, continua o mesmo moço humilde e de muito talento, que conheci na década de 80. Prá frente sempre, grande Augusto Cezar.

(Miguel Santos)

IPTU


É sempre assim. Começo de ano e as Prefeituras ocupam os espaços publicitários dos meios de comunicação para apelarem para que o povo pague o IPTU. Gastam dinheiro com essa propaganda intensiva. Quando o período passa, os prefeitos  esquecem  de divulgar o que estão fazendo com o dinheiro arrecadado. Deveriam vir a publico e informar, também,  como estão aplicando o nosso dinheiro.  Quer dizer: prá gente pagar os gestores públicos das nossas cidades gastam rios de dinheiro com publicidade. Para informar o que fizeram com o nosso dinheiro silencio sepulcral. Lamentável.

(Miguel Santos)

‘LAMBE-LAMBE”

Era como se chamava o fotógrafo que todos os sábados fotografava as atrações do “Programa Jota Ferreira”, no auditório da TV-Jornal, para vender copias das fotos aos interessados no sábado seguinte.
Como produtor do programa, fui convidado para escolher um numero de um circo famoso que fazia temporada no Recife. Achei interessante o elefante e seu domador. O paquiderme chegou na TV o tempo suficiente para que Jota ensaiasse um  passeio pelo palco montado no animal.  Quando isso aconteceu o auditório veio abaixo. Gritos histéricos da ‘fanzocada’ vendo Jota dominando o elefante e sua tromba. Terminado o programa, Jota procurou logo “Lambe-Lambe” para encomendar todas as fotos daquele momento extraordinário. Foi quando o fotógrafo revelou: -  “Seu Jota, eu esqueci de botar filme na máquina.”  A câmera dele ainda não era digital e a TV não gravava o programa. Resultado:  aquele momento ficou sem registro para a posteridade.

(Miguel Santos)





Último Adeus à Luiz Gonzaga - Cobertura Completa


Apresentação e Direção: Miguel Santos *Radialista, Jornalista, Produtor.
Entrevistas com Genival Lacerda, Reginaldo Rossi, Alcymar Monteiro, Gonzaguinha entre outros artistas.

A Rádio e a Internet

A Internet (leia-se: mídias sociais) veio para mexer com os veiculos de comunicação – o rádio, a TV e a mídia impressa (jornal e revista). Todos sofrem impactos de audiência e faturamento a cada dia que passa. Observe a situação do rádio: as Emissoras em AM cada vez mais esquecidas e as FMs religiosas e de musica só perdendo ouvintes a cada dia. Apenas as rádios voltadas para a noticia sobrevivem nessa batalha pela conquista de ouvintes e patrocinadores.

Ao meu ver, o veiculo rádio precisa ser reinventado para voltar ao tempo em que ninguém vivia sem um aparelho no ouvido. Falta, principalmente, criatividade, porque só a interação com o publico não é a solução para tirar o pé do atoleiro.

(Miguel Santos)

Rádio Capibaribe, Saudades!

Bateu uma saudade no coração. Saudade da Rádio Capibaribe, onde dei meus primeiros passos como radialista. De uma hora para a outra a Emissora saiu do ar sem dar muita satisfação para o ouvinte e prá mim que fui um de seus fundadores. 

Os estúdios ficavam no primeiro pavimento da extinta Casa Barreira, uma loja de peças de automóveis na Rua Siqueira Campos, cujo prédio não existe mais. Depois, a Capibaribe passou a ser chamada Jovem Cap e em 1970 seus estúdios foram transferidos para o prédio dos transmissores, no bairro do Cajueiro. 

Lembro dos companheiros dos primeiros anos: o diretor Arnaldo Moreira Pinto, e seu filho, Humberto Pinto. Genivaldo di Paci, Edson Lima, Miriam Silva, Samir Abou Hana, Cezar Brasil, Rômulo Uchoa, Reginaldo Silva, Jocemar Ribeiro... . não me recordo mais. Os operadores ou controlistas de som eram todas mulheres, comandadas pelo alemão Otto Schiller. Uma inovação na época. 

A Capibaribe era uma Emissora pequena, mas metida a grande. E deixou saudade, principalmente de quem fez dela uma escola como eu.

(Miguel Santos)

RADIO JORNAL – 70 ANOS

RADIO JORNAL – 70 ANOS (1)

Nos 70 anos do Radio Jornal quero relembrar alguns companheiros do meu tempo quando lá trabalhei pela primeira vez. . Recordo as figuras queridas de Nilson Lins e Antenor Aroxa. Para Nilson produzi o programa “Disco Brinde”. Para Aroxa coordenei o programa “Festa de Brotos” que ele comandava nas tardes dos sábados no auditório da Rua Marquez do Recife.. Pelos corredores, encontrava Geraldo Lopes, Alcinda Beltrão, Geraldo Liberal, João Gomes Neto, Geraldo Silva, Marcos Macena, o discotecário Eraldo Mendonça e o gerente geral Luiz Felipe Vieira, entre muitos outros. Bons tempos. Inesquecíveis.
Alcinda Beltrão, locutora falecida neste ano de 2019


RADIO JORNAL – 70 ANOS (2)
Eu nem sonhava em ser radialista e ainda menino frequentava o auditório do Radio Jornal. Era companhia de uma vizinha que me levava para assistir ao programa comandado pelo brilhante locutor-advogado Ernane Seve, ao lado da graciosa Cacilda Lanuza. O programa começava a uma da tarde e terminava às três, porque logo em seguida começava a transmissão do futebol, já que naquela época os jogos eram mais cedo porque não havia ainda iluminação nos estádios. Apesar da inconveniência do horário, o auditório estava sempre lotado, com venda antecipada de ingressos. Lembro que num domingo a atração foi Dick Farney, o romântico cantor e pianista de tantos e imorredouros sucessos.
Alguns cantores “da casa” na época: Jackson do Pandeiro e Almira Castilho, Déa Soares, Creusa de Barros, Sivuca, Regional de Luperce Miranda, entre muitos outros. Tempos inesquecíveis.

RADIO JORNAL - 70 ANOS (3)
Figuras anônimas e desconhecidas do público ficaram na minha memória quando pela primeira vez atuei no Radio Jornal: o mimeografista
Zé Safado, com suas mãos manchadas pela tinta do carbono usado para a redação dos textos dos programas; Mané Pessoa, o continuo fardado a caráter, que conduzia o chapéu do dr. F. Pessoa de Queiroz, toda vez que o
Superintendente chegava no prédio da Emissora, na Rua Marquez do Recife. Tinha outro Mané, o da bilheteria, que vendia os ingressos antecipados para os programas de auditório. Tinha, ainda, Ademar Lima, que seria hoje um chefe de pessoal, e Virginia, que cuidava do camarim feminino, onde cantoras e atrizes se produziam para atuarem nos programas. Cada um gente boa e que jamais vou esquecer.

RADIO JORNAL – 70 ANOS (4)
São inúmeras as passagens curiosas ocorridas pelos corredores e estúdios do Radio Jornal nos primeiros anos de sua existência. Relembro uma dessas passagens aqui. O cantor Francisco Barbosa estava escalado para cantar num programa de auditório, que começava logo no inicio da tarde. Como ele havia passado a noite e madrugada cantando numa boate
da cidade resolveu ir direto para a Emissora e como o sono o atormentava resolveu tirar uma soneca num local muito próprio: embaixo do piano do palco onde ele próprio se apresentaria naquela tarde. Auditório lotado, locutores a postos para começar o programa, a cortina se abre e diante dos aplausos do publico Francisco Barbosa saia assustado, atravessando o palco de cueca e calça nas mãos...

RADIO JORNAL – 70 ANOS (5)
Fundado em 1948, nos 10 primeiros anos de existencia o Radio Jornal apresentava um quadro de artistas e técnicos que impressionava pelo numero de pessoas contratadas.
O prédio-séde na Rua Marquez do Recife, que custou 35 milhões, 115 mil cruzeiros,em moeda da época, dispunha de 3 estúdios, sendo um o auditório com capacidade para 750 pessoas. A discoteca tinha 18 mil discos. O quadro artístico era formado por 32 rádio-atores; 17 locutores; 11 produtores; 21 cantores; 3 orquestras, sendo uma sinfônica; 2 conjuntos musicais; 8 operadores de som; 14 profissionais no departamento esportivo, além do pessoal de apoio e dos transmissores. Era, realmente, “a era de ouro do rádio” e falava para o mundo pelas 4 ondas curtas e uma média.
Auditório da Rádio Jornal, na Rua Marquez do Recife.


RADIO JORNAL – 70 ANOS (6)
Com platéia lotada para aplaudir os artistas que se apresentavam nos programas de auditório, o Rádio Jornal mantinha um elenco de cantores da melhor qualidade. Na década de 50 a Emissora contava em seus quadros cerca de 21 cantores, todos consagrados pelo grande publico ouvinte da época. Cito alguns deles: José Tobias, Marilene Silva Jackson do Pandeiro, Almira Castilho, Onilda Figueiredo, Claudionor Germano, Neide Maria, Irmãs Acyoman, Creusa de Barros e Déa Soares. Todos cantavam acompanhados de orquestra ou conjunto musical, sem os apelos da dublagem ou do “play-back”, tão comuns hoje em dia.

RADIO JORNAL 70 ANOS (7)
Na década de 50 o Rádio Jornal tinha um mestre do rádio-teatro:Geraldo Lopes. Era o diretor de um elenco muito talentoso de rádio-atores, que brindava os ouvintes com a dramaturgia pelo r ádio, um dos pontos mais altos do prestigio e da popularidade da Emissora. Dessa equipe se destacavam: Alberto Lopes, Almerita Ferreira, Jairo de Barros, Arlete Sales, Amarilio Nicéas, Esther Wolkoff, Clenio Wanderley, Monica Maria, Pedro Mota. Ao todo, 31 vozes emprestavam seu talento nos horários destinados às rádio-novelas e programas semelhantes. A Televisão chegou e o rádio mudou. Aquela era , na verdade, “a era de ouro” do rádio pernambucano.

RADIO JORNAL 70 ANOS (8)
O futebol não tinha a dimensão de hoje no rádio da década de 50. As transmissões esportivas se resumiam a uma ou duas partidas por semana, porque os estádios não dispunham de iluminação. Mesmo assim o Rádio Jornal tinha uma excelente equipe especializada, comandada por Haroldo Praça. Narradores e repórteres da época: Fernando Ramos, Barbosa Filho, Fernando Távora, Manoel Malta, Paulo Duarte, Armando Chaves. Na redação dos noticiários: Brivaldo Franklin, Sinésio Santa Clara, Francis Holder, Aníbal Pereira e David Gonçalves. No plantão das jornadas o experiente Marcelo Ferreira. O Rádio Jornal marcou muitos gols com essa equipe no campo do rádio esportivo de Pernambuco.


RADIO JORNAL 70 ANOS (9)
Minha primeira atividade como produtor do Rádio Jornal, na década de 60, foi com o “Disco Brinde”. Tratava-se de um programa que presenteava os ouvintes que acertavam testes musicais, como títulos de musicas, seus interpretes, autores, etc. Naquele tempo esse tipo de premiação era uma grande novidade no rádio. Nilson Lins comandava com muita desenvoltura o programa, que era apresentado de segunda a sexta-feira, logo no inicio da tarde. Fui conduzido à função de produtor do Rádio porque já trabalhava na Empresa como redator das colunas de rádio e TV do Jornal do Commercio e Diário da Noite. Nas férias de Medeiros Cavalcanti tive o orgulho e a emoção de escrever o “Almanaque do Almoço”, uma das maiores audiências da Emissora ao meio-dia dos domingos, com narração de Jairo de Barros e Geraldo Liberal. Bons tempos e grandes emoções !

RADIO JORNAL 70 ANOS (10)
Além dos programas de maior responsabilidade,cheguei a dirigir um programa de auditório – “Festa de Brotos”, comandado por Antenor Aroxa. Ocupava o horário da tarde dos sábados na eclética programação do Rádio Jornal. O programa tinha os ingredientes dos melhores programas de variedades: conjunto musical, bailarinas, cantores, principalmente aqueles mais jovens, humoristas e a participação muito vibrante da platéia. A locutora que lia os textos ao vivo dos anunciantes era Alcinda Beltrão,na época eleita Rainha do Rádio. A apoteose era sempre com um artista de fama nacional, que costumava excursionar ao Nordeste vendendo seus shows e promovendo seus discos.

(Miguel Santos)

BIBI E EU

Aos 96 anos , Bibi Ferreira, honra e gloria do teatro brasileiro, resolveu descansar. Parar de tudo que fez de grandioso como artista de múltiplas atividades. Ao destacar esse fato me vem à lembrança um importante momento da minha vida: quando atuei ao lado de Bibi no Teatro de Santa Izabel.

Ela realizava temporada no Recife com a oCOpereta “La Conchita” que exigia um elenco de figurantes. Um desses figurantes adoeceu na estréia da peça e um amigo, que participava do grupo, me obrigou a substituir o faltante. Eu nunca tinha nem entrado num teatro e lá estava eu integrando o elenco de um espetáculo, cuja atriz maior era a consagrada Bibi Ferreira. Como figurante sem saber o que tinha que fazer fui sendo levado no palco pelos companheiros. Eram cenas em um cabaré e algumas danças flamencas. No final de quatro encenações, Bibi me agradeceu pela “enorme contribuição’’ que eu havia dado ao espetáculo. Gratidão exagerada da grande atriz, de enorme personalidade.

(Miguel Santos)

CIRANDA, CIRANDINHA


“Essa ciranda quem me deu foi Lia, que mora na Ilha de Itamaracá”. Pena que essa dança tão típica de Pernambuco esteja tão esquecida nos dias de hoje.

Na década de 70 ocorriam rodas de ciranda no Pátio de São Pedro, na pracinha de Boa Viagem, na praia do Janga e na Ilha de Itamaracá. Cirandeiros como Mestre Baracho, Dona Duda e Lia de Itamaracá eram ídolos do publico que adorava esse folguedo.

Os compositores Edu Lobo e Capinam criaram a musica “Cirandeiro”, que o Rei Luiz Gonzaga gravou. Lamentavelmente, a ciranda deixou de ser tão popular como era antes, certamente por culpa dos órgãos que cuidam da nossa cultura .


(Miguel Santos)

CANTOR CAMELÔ

Com o fechamento da grande maioria das lojas de discos, a venda do produto se tornou mais difícil. Resultado: alguns cantores resolveram vender seu trabalho diretamente ao publico, sem intermediários.

É o caso de Augusto Cezar, ganhador de um Disco de Ouro com a musica “Escalada” e que algum dia pode ser encontrado em alguma rua do centro da cidade autografando seus discos aos admiradores.

Conheci Augusto Cezar quando dirigia o Programa Jota Ferreira, no auditório da TV-Jornal, depois que ele “estagiou” como calouro do Programa Paulo Marques. Com 23 discos gravados, continua o mesmo moço humilde e de muito talento, que conheci na década de 80. Prá frente sempre, grande Augusto Cezar.

(Miguel Santos)

"LAMBE-LAMBE”

Era como se chamava o fotógrafo que todos os sábados fotografava as atrações do “Programa Jota Ferreira”, no auditório da TV-Jornal, para vender copias das fotos aos interessados no sábado seguinte. 

Como produtor do programa, fui convidado para escolher um numero de um circo famoso que fazia temporada no Recife. Achei interessante o elefante e seu domador. O paquiderme chegou na TV o tempo suficiente para que Jota ensaiasse um passeio pelo palco montado no animal. Quando isso aconteceu o auditório veio abaixo. Gritos histéricos da ‘fanzocada’ vendo Jota dominando o elefante e sua tromba. 

Terminado o programa, Jota procurou logo “Lambe-Lambe” para encomendar todas as fotos daquele momento extraordinário. Foi quando o fotógrafo revelou: - “Seu Jota, eu esqueci de botar filme na máquina.” A câmera dele ainda não era digital e a TV não gravava o programa. Resultado: aquele momento ficou sem registro para a posteridade.

(Miguel Santos)

Inauguração da Rádio Universitária FM - Recife (1980)


A inauguração da Rádio Universitária 99.9FM da UFPE foi transmitida ao vivo pelo jornalista e radialista Miguel Santos no dia 31 de março de 1980. Entrevista com Edson Bandeira de Melo (Diretor do Núcleo TV e Rádio da época); Professor Geraldo Lafayete; Professor Pessoa de Moraes; Leopoldo Collor de Melo (Diretor Regional da Rede Globo); Ivan Lima (Superintendente da Rádio Jornal); Jorge José; entre outras personalidades.

Cylene Araújo entrevista o jornalista Miguel Santos