Com uns 10 anos de idade já era um ouvinte fascinado pelo rádio. Só existiam duas Emissoras – Radio Jornal do Commercio e Radio Clube. Tinha um aditivo a mais: meu tio-padrinho era outro que gostava
e conhecia muita gente que atuava em
rádio. Lembro que ele costumava contratar um verdadeiro serviço de alto-falante
que era instalado no amplo terreno em volta de sua casa nos aniversários do meu
primo. Eu comandava o show, fazia
brincadeiras com os coleguinhas, uns
cantavam, outros aplaudiam e eu era quem
falava ao microfone. Por volta dos 12 anos de idade, freqüentava o auditório do Radio Jornal, nos domingos, à tarde, para assistir ao programa comandado por Ernane Seve e sua secretária de palco,
Cacilda Lanuza, levado por uma moça amiga da família.
Fui crescendo e meu padrinho alimentava
a idéia de que eu deveria ser um locutor de rádio. Quando fiz meus 18 anos, ele conseguiu que eu fizesse um estágio na recém inaugurada Radio Olinda, cuja sede ficava na ladeira de São Francisco, em
Olinda, mas que mantinha um estúdio
avançado de jornalismo num
prédio da Avenida Guararapes. Foi nesse estúdio que recebi as primeiras
orientações do jornalista Geraldo Seabra, que era o chefe do departamento de jornalismo
da Emissora. Quando começava “A Voz do Brasil”, eu entrava no estúdio para
gravar o jornal-falado, que tinha sido
irradiado uma hora antes. Devo ter passado um mês inteiro fazendo isso, até que eu próprio
desisti do estágio, porque naquela época (1957) não era qualquer um que botava a boca
na “latinha”.
Mas, o “virus” do rádio já tinha
tomado conta do meu sangue. Anos depois,
ingressei na Radio Capibaribe,
cujos estúdios ficavam no prédio da
então ”Casa Barreira”, uma loja de
auto-peças na Rua Siqueira Campos e os transmissores instalados na Rua Coronel Urbano de Sena, no bairro da
Campina do Barreto, onde estão hoje os estúdios da Emissora.
Rádio Capibaribe -
1961
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Comecei na Radio Capibaribe como produtor, mas exerci outras atividades, como a de repórter e apresentador de
programas. A Jovem Cap, como está
sendo chamada hoje, foi a minha primeira escola radiofônica. Dirigida pelo Sr. Arnaldo Moreira Pinto e seu
filho adotivo, Humberto Pinto, com direção técnica do engenheiro alemão Otto
Schiller, tive a oportunidade de
conviver com outros nomes que participaram dessa fase inaugural: Genivaldo di Pace, locutor noticiarista de grande talento; Edson
Lima e Miriam Silva, Reginaldo Silva, Jocemar Ribeiro, Samir Abou Hana. Cezar Brasil e outros mais. Um dos programas que criei foi “Musicas e
Personalidades” (1960/61), no qual gente
famosa apontava as dez musicas
inesquecíveis, que eram irradiadas juntamente com dados biográficos da pessoa focalizada. Além de escrever programas, estreei como repórter e comunicador,
sempre com o sentido de adquirir experiência, mesmo porque na época a gente
tinha que ser polivalente para trabalhar no rádio.