Novela da Minha Vida Profissional

Novela da Minha Vida Profissional


Capítulo de Apresentação

Escrever um livro ou uma  auto-biografia,  mesmo autorizada, nunca havia passado pela minha cabeça.  Até porque escrever sobre mim mesmo tem um ar de pieguismo ou de esnobismo ou de exibicionismo e outros ismos.... 

Mas,  com o advento dessa poderosa maquina que é a Informática  e sua tecnologia maravilhosa, me aconselharam a fazer um  livro digital.   Você lê uma vez e joga fora a mídia,  para não ocupar  espaço na sua estante.

Como um ser aposentado decidi,  então,  aproveitar a  maioria das minhas horas vagas para  escrever essas linhas,  que são, antes de tudo,  fragmentos interessantes, curiosos, e  até mesmo gozados da minha vida profissional,   que  se  não  foi  tão significativa o foi  de  grandes  e  imorredouras emoções.

Não levem em conta os nomes de amigos e colegas não citados na narrativa.  Afinal, numa tarefa como essa fica muito difícil a gente lembrar de tudo e de todos.

Posso garantir que  se trata de uma obra  que não  vai  interessar  aos  estudantes  de Comunicação,  mas,   que, certamente,  vai deixar “água na boca” nos  companheiros que, mesmo de longe,   vão relembrar alguns dos momentos por mim vividos e aqui narrados. 
     

Miguel Santos
Jornalista/Radialista  (com muito orgulho)

Novela da Minha Vida: Capitulos

01     - Rádio no sangue
02     - Bibi Ferreira e eu
03     -  Novo Rádio
04      - Jornais & Jornais
05      -  Linha virada
06      -  Ultima Hora
07       - As Revistas
08       - TVU: 27 anos no batente
09       - Carnaval pela TVU
10       - O Repórter
11       - Verdade ou Mentira ?
12       - Elefante e confusão
13       - Minha estréia no Cinema
14       - Meu Bairro é o Maior
15       - Guina: quanta saudade !
16       - Show do Homem com “H”
17       - Meu encontro com Lula
18       - Mister John
19       - Luiz Gonzaga – o Rei do Baião
20       - Roberto Carlos em três atos
21       - Claudia Barroso e Garin
22       - O mundo que conheci
23       -  Artista é quase isso...
24       - Sustos no ar
25       -  Atritos com Celebridades
26        - Dominguinhos e Calheiros
27       -  Colegas e Amigos
28        - Campanhas  Políticas
29    -  Eventos produzidos

30    -  Linha do Tempo

Novela da Minha Vida: Rádio no Sangue

       Com uns 10 anos de idade já era um ouvinte fascinado pelo rádio. Só existiam duas Emissoras – Radio Jornal do Commercio e Radio Clube. Tinha um aditivo a  mais: meu tio-padrinho era outro que gostava e conhecia muita gente que atuava  em rádio. Lembro que ele costumava contratar um verdadeiro serviço de alto-falante que era instalado no amplo terreno em volta de sua casa nos aniversários do meu primo.  Eu comandava o show, fazia brincadeiras com os coleguinhas,  uns cantavam, outros aplaudiam e eu era  quem falava ao microfone. Por volta dos 12 anos de idade,  freqüentava o auditório do Radio Jornal, nos  domingos, à tarde,  para assistir ao programa comandado por  Ernane Seve e sua secretária de palco, Cacilda Lanuza, levado por uma moça amiga da família.   
        Fui crescendo e meu padrinho alimentava a idéia de que eu deveria ser um locutor de rádio.  Quando fiz meus 18 anos, ele conseguiu que eu fizesse   um estágio na recém inaugurada Radio Olinda, cuja sede ficava na ladeira de São Francisco, em Olinda,   mas que mantinha um estúdio
avançado de jornalismo num prédio  da Avenida Guararapes.  Foi nesse estúdio que recebi as primeiras orientações do jornalista Geraldo Seabra, que era o chefe do departamento de jornalismo da Emissora. Quando começava “A Voz do Brasil”, eu entrava no estúdio para gravar o jornal-falado, que tinha sido irradiado uma hora antes. Devo ter passado um  mês inteiro fazendo isso, até que eu próprio desisti do estágio, porque naquela época  (1957) não era qualquer um que botava a boca na “latinha”.  

          Mas, o “virus” do rádio já tinha tomado conta do meu sangue. Anos depois,  ingressei na Radio Capibaribe, cujos estúdios ficavam no prédio da  então ”Casa Barreira”, uma loja de  auto-peças na Rua Siqueira Campos e os transmissores instalados  na Rua Coronel Urbano de Sena, no bairro da Campina do Barreto, onde estão hoje os estúdios da Emissora.

                               Rádio Capibaribe  -   1961

            Comecei na Radio Capibaribe como produtor, mas exerci outras atividades,  como a de repórter e apresentador de programas. A Jovem Cap, como está sendo chamada hoje, foi a minha primeira escola radiofônica.  Dirigida pelo Sr. Arnaldo Moreira Pinto e seu filho adotivo, Humberto Pinto, com direção técnica do engenheiro alemão Otto Schiller, tive a  oportunidade de conviver com outros nomes que participaram dessa fase inaugural:  Genivaldo di Pace,  locutor noticiarista de grande talento; Edson Lima e  Miriam Silva, Reginaldo Silva,  Jocemar Ribeiro,  Samir Abou Hana.  Cezar Brasil e outros mais.  Um dos programas que criei foi “Musicas e Personalidades” (1960/61),  no qual gente famosa apontava as dez musicas inesquecíveis,  que  eram irradiadas juntamente com dados biográficos  da pessoa focalizada.   Além de escrever programas, estreei como repórter e comunicador, sempre com o sentido de adquirir experiência, mesmo porque na época a gente tinha que ser polivalente para trabalhar no rádio.

Cícero, dono do Restaurante Samburá, de Olinda, recepcionando a direção e funcionários da Radio Capibaribe. Da esquerda para a direita:
Humberto Pinto, Miguel Santos, Cícero, Gilberto Lins, Edson Lima e
Miriam Silva (Ano: 1962)

        A Radio Capibaribe foi a minha primeira grande escola. Daí prá frente,  o micróbio do radio não me largou mais. Quando assumi as colunas de  Rádio e Televisão do Jornal do Commercio e Diario da Noite, passei quase que imediatamente a atuar também no Rádio Jornal, como produtor de um programa chamado “Disco Brinde” (1966),  comandado por Nilson Lins.   Depois, não parei mais: fui produtor do programa de auditório “Festa de Brotos”,  comandado por Antenor Aroxa, , em 1968.   E por um longo tempo,  enquanto trabalhava na TVU em um expediente,  atuava no radio em outro. Como produtor de Samir  Abou Hana  percorri as Rádios Tamandaré,  Olinda, Globo e Clube. Por ultimo, fui produtor do saudoso Paulo Marques na Radio 103-FM e na Rede Estação Sat.  Rádio e Televisão sempre andaram paralelos durante  praticamente  toda a minha vida profissional.

  Jáder de Oliveira, apresentador do programa “Varietê”, ao me entregar premio de melhor produtor do ano de 1971,  no auditório  do Rádio Jornal. Nessa época, alguns  veículos de comunicação e entidades faziam pesquisas para apurar quem eram os melhores do Radio e da TV.  

AUDITÓRIO DO RADIO JORNAL DO COMMERCIO – PALCO E PLATEIA




Novela da Minha Vida: Bibi Ferreira & Eu

Um dos maiores nomes do teatro brasileiro abriu o camarim que ocupava no Teatro de Santa Izabel e muito humildemente me cumprimentou:      
- ”Oi, Miguel. Muito obrigada por estar aqui conosco. Você vai nos dar uma grande ajuda ao nosso espetáculo.”
     Depois desse encontro,  pensei: será que eu sou tão  importante assim  para receber esse elogio da maior atriz do teatro brasileiro ?
     Juntei-me ao  grupo de figurantes  que havia sido convocado   para participar da peça “La Conchita”, uma opereta espanhola, com a qual Bibi Ferreira  encerraria a temporada  (de 01 a 13 de Setembro de 1956) no Recife para seguir de navio para uma turnê pela  Europa . Era uma noite de sexta-feira. Na parte da manhã  eu tinha ido visitar um amigo, José Francisco, e o irmão dele, Guilherme, me recebeu como se eu fosse o salvador do mundo. Foi logo dizendo:
      - “Você chegou na hora certa.  Esteja as seis da noite no Teatro de Santa Izabel para participar da peça da Bibi. Não falte. E não deu mais detalhes.”
       Jovem aventureiro, 18 anos de idade,  não fiz outra coisa.  Às seis da noite lá estava eu na  porta dos fundos do teatro. Guilherme me levou até o camarim dos figurantes e me meteram uma roupa meio extravagante e uma maquiagem da qual fazia parte até um bigode pintado de preto. Tudo isso ia acontecendo comigo sem que eu viesse a  saber,  com antecipação, o que eu teria  que fazer no palco. Lá pras tantas, cortina fechada, ouvi o murmúrio do publico e arrisquei uma olhada pela fresta da cortina. A platéia do suntuoso teatro estava lotada.  Afinal,  Bibi Ferreira era um nome  respeitado e consagrado no cenário teatral brasileiro. Na década de 50, ela montou um  repertorio com sua companhia e depois de bem sucedidas temporadas no eixo  Rio-São Paulo, saiu viajando pelo Brasil com elenco numeroso e uma produção de alto nível.  Dentre seus maiores sucessos estava o espetáculo do qual participei, ao lado do então marido de Bibi, o ator  Herval Rossano,  Wanda Marchetti e Francisco Dantas no elenco.
         Mas, como  já disse, tudo parecia um sonho. Eu havia experimentado uma sensação um pouco parecida quando tinha apenas 8 anos de idade.  Estudava no Ginásio  São Luiz, e fiz parte de um grupo teatral infantil que inaugurou o teatro-auditorio do colégio de Ponte D`uchoa.  Era um numero que lembrava as noitadas juninas. Enquanto  se  ouvia  a  marchinha  “Cai,  Cai Balão”,  eu  e  meus companheiros rodeavam uma fogueira cenográfica  E terminava o numero fazendo uma roda no palco. Foi quando usei a minha primeira calça comprida. Emocionado, cheguei a desfilar pelo corredor do  Auditório para mostrar que já era um homenzinho...
                   Com Bibi Ferreira foi um pouco diferente, porque a emoção foi maior, apesar de que, na primeira noite, eu realmente ia entrar em cena sem ter feito um simples ensaio e sem saber nada do que ia fazer. Eu era aquele figurante do empurrão,  como caldo-de-cana,  feito na hora.  No primeiro
ato, os figurantes entravam em fileira indiana pelos dois corredores da platéia  até alcançar o palco. Lá estava eu de mãos dadas a dois companheiros,  terminando por participar de uma dança de roda. Saímos do palco e retornamos no ato seguinte.  Aí , o cenário era  um típico cabaré,  com homens e mulheres fumando, bebendo,  se beijando e se abraçando, numa autêntica orgia. Lá estava eu sentado a uma mesa, fazendo que estava enchendo a cara (a bebida era guaraná).  Em dado momento,  uma  das figurantes  vinha me fazer caricias e sentava no meu colo.   Rolavam simultaneamente outras cenas semelhantes. A  figurante que estava sentada no meu colo sussurrou no meu ouvido:
      - “Agora, você vai me  empurrar.  Vou cair no chão e vou sair de cena. Você  fica e toma mais um copo com raiva de mim. Faz parte da cena. Vai, me empurra !”
       Eu dei um empurrão prá valer na moça e realmente ela se esparramou no chão e saiu blasfemando... Isso acontecia entre o grupo de figurantes – (Na minha mesa estavam Leda Alves, Cely,  Edmilson Catunda e eu). Talvez, Leda Alves nem se lembre mais disso. Afinal, ela se destacou no movimento cultural, chegando a ser Secretaria de Cultura  e uma das pessoas mais influentes do Estado.
        Tudo isso, minha gente, foi muito difícil para mim, porque tudo acontecia como uma grande surpresa. Nas demais noites,  ficou mais perfeito o meu desempenho artístico. Já havia aprendido tudo na difícil noite da estréia. 
         Lembro que acabada a nossa participação, alguns figurantes, como eu, corríam  para o camarim, para retirar a maquilagem, mudar de roupa e, então,   seguíamos para a porta principal do teatro para que o publico nos vissem mais de perto.. Vaidade de artista.   Afinal, éramos coadjuvantes de Bibi Ferreira - a maior estrela do teatro brasileiro. Lembro que numa das noites, quando eu estava todo empolgado vendo o publico me reconhecer,  uma mocinha apontou prá mim e disse:
     - ”Foi esse cara que empurrou aquela moça no chão... Você não tem vergonha na cara, não ?”
       Desapareceria de cena ali um grande ator frustrado.  Vilão e canastrão, que nunca mais quis saber de subir num palco de teatro.


FOTO HISTÓRICA

FOTO HISTORICA DA MINHA ESTREIA NO TEATRO
DE SANTA IZABEL COM BIBI FERREIA (1956).  NA MESA, LEDA
ALVES, EU, CELY E EDMILSON CATUNDA.  NA ÉPOCA, ESTAVA
COM 18 ANOS DE IDADE.

Novela da Minha Vida: Novo Rádio

 A Televisão havia chegado com gosto de gás. Será que vai acabar com o rádio ?  Era a preocupação de muitos radialistas. Até porque muita gente boa migrou imediatamente para o novo veiculo. O interesse pelas novelas radiofônicas foi diminuindo, os cantores davam preferência à TV e  o rádio sentiu a necessidade  de um  impulso para sobreviver (alguns pensavam assim).
        Cinco anos depois do advento da TV, o Radio Jornal do Commercio jogava ao ar uma programação inovadora apelidada de “novo rádio”.  A estreia foi numa segunda-feira, 26 de abril de 1965.
          Eu trabalhava como editor de rádio e televisão nos dois jornais da Empresa – o Jornal do Commercio e e  Diário da Noite – e acompanhei de perto todas as providencias para o lançamento da nova programação. O gerente geral do Radio Jornal  era o Sr. Luiz Felipe Vieira e o gerente de programação, Abérides  Nicéas. O Sr. Vieira disse, numa entrevista:
          “A nova programação é o começo de uma série de iniciativas visando a satisfação do nosso publico ouvinte. O radio, como fator de progresso de um Estado ou de um País, tem de se aperfeiçoar e se adaptar aos novos tempos.”
             Uma caravana de consagrados artistas nacionais, entre os quais Erasmo Carlos,  Sergio Murilo,  Wanderléa e Rosemary, veio abrilhantar o lançamento da nova programação, realizando apresentações nos programas  ”Praça da Alegria”, comandado por Walter Spencer,  no sábado, à tarde,  e “Varietê”, sob o comando de Jáder de Oliveira, no domingo, á noite.
         A  equipe de produtores do “novo rádio”  era formada por  Aldemar Paiva, Nelson Pinto, Thalma de Oliveira, Alberto Lopes,  Ivan Soares, Medeiros Cavalcanti, Wladimir Calheiros, Geraldo Silva, e Manoel Barbosa.    
         Integrei essa valorosa equipe  como coordenador do  “Disco Brinde”, apresentado de segunda a sexta-feira, as duas da tarde,  sob  o comando de Nilson Lins. O programa realizava testes de conhecimentos musicais entre os ouvintes e distribuía discos entre os premiados, numa parceria com a Fábrica de Discos Rozenblit.
               Outros programas se notabilizaram nessa fase do Radio Jornal, Como o  “Cidade Nua”, apresentado ao meio-dia com produção de Manoel Barbosa e participação do elenco de rádio-teatro, interpretando casos registrados nas delegacias policiais; Nelson Pinto produzia “No Tempo da
Retreta”;  Medeiros Cavalcanti fazia o “Almanaque do Almoço”, aos domingos;  Thalma de Oliveira escrevia “Retalhos do Cotidiano” e era da consagrada Janete Clair a novela “O Renegado”, exibida as 9 da noite, enquanto os programas esportivos  tinham  mais ou menos o mesmo espaço que ocupam   no rádio de hoje. O discotecário na época era o Eraldo Mendonça.  Lembro que ele foi enviado ao sul do  país, para adquirir os mais recentes lançamentos fonográficos e todos os demais discos necessários para atualizar a discoteca, além de uma nova estrutura para facilitar o atendimento imediato das solicitações dos ouvintes. O departamento de radio-jornalismo era comandado pelo competente jornalista Artur Malheiros e o espaço físico foi ampliado para receber mais maquinas de escrever e redatores. 
                Ano seguinte – 1966 – Antenor Aroxa foi contratado para conduzir o programa “Festa de Brotos”, aos sábados, à tarde, substituindo Walter Spencer.   Passei, então,  à exercer a atividade de produtor  de programas de auditório, experiência que me levou a fazer a mesma coisa na

Televisão.
O superintendente da Empresa Jornal do Commercio, dr. Paulo Pessoa de Queiroz, ao meu lado.  Momento em que a  TV e o  Rádio Jornal eram
homenageadas na cidade de Vitoria de Santo Antão (1968)

Novela da Minha Vida: Jornais & Jornais

Sempre gostei de escrever. Quando estudava no Ginásio São Luiz criei um jornalzinho manuscrito, que passava de mão em mão,  divulgando eventos esportivos e culturais e algumas fofocas envolvendo os coleguinhas do segundo período do curso colegial.
         Quando comecei a trabalhar na Sul America – Companhia Nacional de Seguros de Vida, em 1958, editei o jornal  ”O Timoneiro”,  este  já produzido em uma gráfica.  Circulava internamente, com  exemplares distribuídos entre funcionários, corretores e médicos da empresa.
           Ainda em 1958 comecei a colaborar com a “Folha do Povo”, um jornal criado para apoiar os movimentos do Partido Comunista. A redação ocupava duas salas  no Edifício Vieira da Cunha, na Rua Floriano Peixoto e aí pude desenvolver todos os meus desejos de ser um jornalista completo.
Comecei escrevendo uma coluna sobre o Rádio (ainda não existia a Televisão) e, em  seguida, fiz diversas matérias avulsas, uma das quais denunciava a retirada de corpos ainda em estado de decomposição no Cemitério de Casa Amarela. 

A reportagem gerou notas de esclarecimento por parte da  Secretaria de Saúde da Prefeitura do Recife em todos os jornais da cidade. Como o jornal apoiava o Governo pensei que fosse afastado, mas recebi parabéns não só porque o jornal faturou a nota oficial como porque a matéria era verdadeira e ganhou repercussão.
          Foi nesse período que ingressei no Diário de Pernambuco para ser revisor (um episodio dessa época faz parte de outro artigo deste trabalho).   Ainda como colaborador, escrevi para o Diário da Manhã, dirigido pelo jornalista Heleno Gouveia, cuja sede ainda  hoje é na Rua do Imperador.
Já existia a Televisão e passei a editar uma coluna sobre as  atividades desenvolvidas no radio e na TV.  Mas, como simples colaborador.
Experimentei vários pseudônimos antes de assumir o Miguel Santos. Afinal, comecei mesmo num jornal comunista e queria esconder o meu nome verdadeiro. Fui até Francis, um colunista de discos fonográficos.
             Foi a partir de 1963 que efetivamente passei a ser  jornalista profissional  atuando na Ultima Hora, um jornal também de cunho político, sobre o qual dedico um espaço maior em outro artigo deste trabalho.
              Em 1965 fui chamado pelo gerente geral do Radio e da TV, Sr. Luiz Felipe Vieira,  para assumir a editoria  das colunas de rádio e televisão mantidas pelo  Jornal do  Commercio  (matutino) e Diario da Noite (vespertino). As colunas serviam apenas para  noticiar, destacar e enaltecer o que era feito  nas Emissoras pertencentes à Empresa.  Portanto, um  jornalismo parcial, que não me agradava. Mas, tive a felicidade de merecer o apoio e a confiança  do Sr. Luiz Felipe Vieira, gerente geral do Rádio e  TV-Jornal.  De temperamento forte e comportamento obsessivo pelo zelo,  pelo respeito e pela responsabilidade que todos os funcionários deveriam ter pela Empresa do “dr. Pessoa”, o Sr, Vieira era visto com maus olhos por todos.  Não é piada, mas houve um caso em que um funcionário foi pedir um  “vale” -  um adiantamento de salário - porque a mãe havia falecido e o Sr. Vieira teria dito: - “A Empresa não tem nada a ver com a morte de sua  mãe”. E negou o adiantamento.  Pois esse dirigente de quem todos tinham medo era uma pessoa afável comigo.  Foi quem me ensinou, dentro das oficinas do Jornal, a  fazer a diagramação das colunas, arrumando os textos linotipados expostos em calandras  e os clichês (fotos). Depois da montagem da coluna  um gráfico tirava uma prova a gente fazia a revisão e autorizava  a publicação. Esse trabalho puramente artesanal  levava pelo menos uma hora e era feito pela manhã (para a edição do “Diário da Noite”, que circulava à tarde) e à tarde (para a edição do “Jornal do Commercio” que circulava no dia seguinte).  O sr. Vieira e o gerente de programação do Radio Jornal aprovaram a minha indicação para coordenaro programa “Disco Brinde”, comandado por Nilson Lins. 
          Posso assegurar que o sr.Vieira foi um dos que   contribuíram para que eu conquistasse um espaço no jornalismo pernambucano, ampliando meus horizontes em relação também ao rádio.

         Uma das colunas produzidas para o “Diário da Noite”.  Esta foi  publicada no dia 15 de outubro de 1965.