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RADIO JORNAL – 70 ANOS (1) Nos 70 anos do Radio Jornal quero relembrar alguns companheiros do meu tempo quando lá trabalhei pela prime...
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Ter amigos não é privilégio de ninguém. No entanto, ter bons e desinteressados amigos é privilegio de poucos. Eu me sinto recompensado ...
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Com uns 10 anos de idade já era um ouvinte fascinado pelo rádio. Só existiam duas Emissoras – Radio Jornal do Commercio e Radio C...
Capítulo de Apresentação
Escrever um livro ou uma
auto-biografia, mesmo
autorizada, nunca havia passado pela minha cabeça. Até porque escrever sobre mim mesmo tem um
ar de pieguismo ou de esnobismo ou de exibicionismo e outros ismos....
Mas, com o advento dessa poderosa maquina que é a Informática e sua tecnologia maravilhosa, me aconselharam a fazer um livro digital. Você lê uma vez e joga fora a mídia, para não ocupar espaço na sua estante.
Como um ser
aposentado decidi, então, aproveitar a
maioria das minhas horas vagas para
escrever essas linhas, que são,
antes de tudo, fragmentos interessantes,
curiosos, e até mesmo gozados da minha
vida profissional, que
se não foi
tão significativa o foi de grandes
e imorredouras emoções.
Não levem em
conta os nomes de amigos e colegas não citados na narrativa. Afinal, numa tarefa como essa fica muito
difícil a gente lembrar de tudo e de todos.
Posso garantir
que se trata de uma obra que não
vai interessar aos
estudantes de Comunicação, mas,
que, certamente, vai deixar “água
na boca” nos companheiros que, mesmo de
longe, vão relembrar alguns dos momentos por mim
vividos e aqui narrados.
Miguel Santos
Jornalista/Radialista
(com muito orgulho)
Novela da Minha Vida: Capitulos
01
- Rádio no sangue
02
- Bibi Ferreira e eu
03
- Novo Rádio
04
- Jornais &
Jornais
05
- Linha virada
06
- Ultima Hora
07
- As Revistas
08
- TVU: 27 anos no
batente
09
- Carnaval pela TVU
10
- O Repórter
11
- Verdade ou Mentira
?
12
- Elefante e
confusão
13
- Minha estréia no
Cinema
14
- Meu Bairro é o
Maior
15
- Guina: quanta
saudade !
16
- Show do Homem com
“H”
17
- Meu encontro com
Lula
18
- Mister John
19
- Luiz Gonzaga – o
Rei do Baião
20
- Roberto Carlos em
três atos
21
- Claudia Barroso e
Garin
22
- O mundo que
conheci
23
- Artista é quase isso...
24
- Sustos no ar
25
- Atritos com Celebridades
26
- Dominguinhos e
Calheiros
27
- Colegas e Amigos
28
- Campanhas Políticas
29
- Eventos produzidos
30
- Linha do Tempo
Novela da Minha Vida: Rádio no Sangue
Com uns 10 anos de idade já era um ouvinte fascinado pelo rádio. Só existiam duas Emissoras – Radio Jornal do Commercio e Radio Clube. Tinha um aditivo a mais: meu tio-padrinho era outro que gostava
e conhecia muita gente que atuava em
rádio. Lembro que ele costumava contratar um verdadeiro serviço de alto-falante
que era instalado no amplo terreno em volta de sua casa nos aniversários do meu
primo. Eu comandava o show, fazia
brincadeiras com os coleguinhas, uns
cantavam, outros aplaudiam e eu era quem
falava ao microfone. Por volta dos 12 anos de idade, freqüentava o auditório do Radio Jornal, nos domingos, à tarde, para assistir ao programa comandado por Ernane Seve e sua secretária de palco,
Cacilda Lanuza, levado por uma moça amiga da família.
Fui crescendo e meu padrinho alimentava
a idéia de que eu deveria ser um locutor de rádio. Quando fiz meus 18 anos, ele conseguiu que eu fizesse um estágio na recém inaugurada Radio Olinda, cuja sede ficava na ladeira de São Francisco, em
Olinda, mas que mantinha um estúdio
avançado de jornalismo num
prédio da Avenida Guararapes. Foi nesse estúdio que recebi as primeiras
orientações do jornalista Geraldo Seabra, que era o chefe do departamento de jornalismo
da Emissora. Quando começava “A Voz do Brasil”, eu entrava no estúdio para
gravar o jornal-falado, que tinha sido
irradiado uma hora antes. Devo ter passado um mês inteiro fazendo isso, até que eu próprio
desisti do estágio, porque naquela época (1957) não era qualquer um que botava a boca
na “latinha”.
Mas, o “virus” do rádio já tinha
tomado conta do meu sangue. Anos depois,
ingressei na Radio Capibaribe,
cujos estúdios ficavam no prédio da
então ”Casa Barreira”, uma loja de
auto-peças na Rua Siqueira Campos e os transmissores instalados na Rua Coronel Urbano de Sena, no bairro da
Campina do Barreto, onde estão hoje os estúdios da Emissora.
![]() |
Rádio Capibaribe -
1961
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Comecei na Radio Capibaribe como produtor, mas exerci outras atividades, como a de repórter e apresentador de
programas. A Jovem Cap, como está
sendo chamada hoje, foi a minha primeira escola radiofônica. Dirigida pelo Sr. Arnaldo Moreira Pinto e seu
filho adotivo, Humberto Pinto, com direção técnica do engenheiro alemão Otto
Schiller, tive a oportunidade de
conviver com outros nomes que participaram dessa fase inaugural: Genivaldo di Pace, locutor noticiarista de grande talento; Edson
Lima e Miriam Silva, Reginaldo Silva, Jocemar Ribeiro, Samir Abou Hana. Cezar Brasil e outros mais. Um dos programas que criei foi “Musicas e
Personalidades” (1960/61), no qual gente
famosa apontava as dez musicas
inesquecíveis, que eram irradiadas juntamente com dados biográficos da pessoa focalizada. Além de escrever programas, estreei como repórter e comunicador,
sempre com o sentido de adquirir experiência, mesmo porque na época a gente
tinha que ser polivalente para trabalhar no rádio.
Novela da Minha Vida: Bibi Ferreira & Eu
Um dos maiores nomes do
teatro brasileiro abriu o camarim que ocupava no Teatro de Santa Izabel e muito humildemente me cumprimentou:
- ”Oi, Miguel. Muito obrigada por estar
aqui conosco. Você vai nos dar uma grande ajuda ao nosso
espetáculo.”
Depois desse encontro, pensei: será que eu sou tão importante assim para receber esse elogio da maior atriz do
teatro brasileiro ?
Juntei-me ao grupo de figurantes que havia sido convocado para participar da peça “La Conchita”, uma
opereta espanhola, com a qual Bibi Ferreira
encerraria a temporada (de 01 a 13 de Setembro de 1956)
no Recife para seguir de navio para uma turnê pela Europa . Era uma noite de sexta-feira. Na
parte da manhã eu tinha ido visitar um
amigo, José Francisco, e o irmão dele, Guilherme, me recebeu como se eu fosse o
salvador do mundo. Foi logo dizendo:
- “Você chegou na hora certa. Esteja as seis da noite no Teatro de Santa Izabel para participar da peça da Bibi. Não falte. E não deu
mais detalhes.”
Jovem aventureiro, 18 anos de idade, não fiz outra coisa. Às seis da noite lá estava eu na porta dos fundos do teatro. Guilherme me
levou até o camarim dos figurantes e me meteram uma roupa meio extravagante e
uma maquiagem da qual fazia parte até um bigode pintado de preto. Tudo isso ia
acontecendo comigo sem que eu viesse a
saber, com antecipação, o que eu teria que fazer no palco. Lá pras tantas, cortina
fechada, ouvi o murmúrio do publico e arrisquei uma
olhada pela fresta da cortina. A platéia do suntuoso teatro estava lotada. Afinal,
Bibi Ferreira era um nome
respeitado e consagrado no cenário teatral brasileiro. Na década de 50,
ela montou um repertorio com sua
companhia e depois de bem sucedidas temporadas no eixo Rio-São Paulo, saiu viajando pelo Brasil com
elenco numeroso e uma produção de alto nível.
Dentre seus maiores sucessos estava
o espetáculo do qual participei, ao lado do então marido de Bibi, o ator Herval Rossano, Wanda Marchetti e Francisco Dantas no elenco.
Mas, como já disse, tudo parecia um sonho. Eu havia experimentado uma sensação um
pouco parecida quando tinha apenas 8 anos de idade. Estudava no Ginásio São Luiz, e fiz
parte de um grupo teatral infantil que inaugurou o teatro-auditorio do colégio
de Ponte D`uchoa. Era um numero que
lembrava as noitadas juninas. Enquanto
se ouvia a
marchinha “Cai, Cai Balão”,
eu e meus companheiros rodeavam uma fogueira
cenográfica E terminava o numero fazendo
uma roda no palco. Foi quando usei a minha primeira calça comprida. Emocionado,
cheguei a desfilar pelo corredor do
Auditório para mostrar que já era um homenzinho...
Com Bibi Ferreira foi um pouco
diferente, porque a emoção foi maior, apesar de que, na primeira noite, eu
realmente ia entrar em cena sem ter feito um simples ensaio e sem saber nada do
que ia fazer. Eu era aquele figurante do empurrão, como caldo-de-cana, feito na hora. No primeiro
ato, os figurantes entravam
em fileira indiana pelos dois corredores da platéia até alcançar o palco. Lá estava eu de mãos
dadas a dois companheiros, terminando
por participar de uma dança de roda. Saímos do palco e retornamos no ato
seguinte. Aí , o cenário era um típico cabaré, com homens e mulheres fumando, bebendo, se beijando e se abraçando, numa autêntica
orgia. Lá estava eu sentado a uma mesa, fazendo que estava enchendo a cara (a bebida era
guaraná). Em dado momento, uma
das figurantes vinha me fazer
caricias e sentava no meu colo. Rolavam
simultaneamente outras cenas semelhantes. A
figurante que estava sentada no meu colo sussurrou no meu ouvido:
- “Agora, você vai me empurrar.
Vou cair no chão e vou sair de cena. Você fica e toma mais um copo com raiva de mim.
Faz parte da cena. Vai, me empurra !”
Eu dei um empurrão prá valer na moça e
realmente ela se esparramou no chão e saiu blasfemando...
Isso acontecia entre o grupo de figurantes – (Na minha mesa estavam Leda
Alves, Cely, Edmilson Catunda e eu).
Talvez, Leda Alves nem se lembre mais disso. Afinal, ela se destacou no movimento
cultural, chegando a ser Secretaria de Cultura
e uma das pessoas mais influentes
do Estado.
Tudo isso, minha gente, foi muito
difícil para mim, porque tudo acontecia como uma grande surpresa. Nas demais
noites, ficou mais perfeito o meu desempenho
artístico. Já havia aprendido tudo na difícil noite da estréia.
Lembro que acabada a nossa
participação, alguns figurantes, como eu, corríam para o camarim, para retirar a maquilagem,
mudar de roupa e, então, seguíamos para
a porta principal do teatro para que o publico nos vissem mais de perto..
Vaidade de artista. Afinal, éramos
coadjuvantes de Bibi Ferreira - a maior estrela do teatro brasileiro. Lembro
que numa das noites, quando eu estava todo empolgado vendo o publico me
reconhecer, uma mocinha apontou prá mim
e disse:
- ”Foi esse cara que empurrou aquela moça
no chão... Você não tem vergonha na cara, não ?”
Desapareceria de cena ali um grande ator
frustrado. Vilão e canastrão, que nunca
mais quis saber de subir num palco de teatro.
FOTO HISTÓRICA
![]() |
FOTO HISTORICA DA MINHA ESTREIA NO
TEATRO
DE SANTA IZABEL COM BIBI FERREIA (1956). NA MESA, LEDA
ALVES, EU, CELY E EDMILSON CATUNDA. NA ÉPOCA, ESTAVA
COM 18 ANOS DE IDADE.
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Novela da Minha Vida: Novo Rádio
A Televisão havia chegado com gosto de gás.
Será que vai acabar com o rádio ? Era a preocupação de muitos radialistas. Até
porque muita gente boa migrou imediatamente para
o novo veiculo. O interesse pelas novelas radiofônicas foi diminuindo,
os cantores davam preferência à TV e o
rádio sentiu a necessidade de um impulso para sobreviver (alguns pensavam
assim).
Cinco anos depois do advento da TV, o Radio Jornal do Commercio jogava ao ar uma programação
inovadora apelidada de “novo rádio”. A estreia foi numa
segunda-feira, 26 de abril de 1965.
Eu trabalhava como editor de rádio e
televisão nos dois jornais da Empresa – o Jornal
do Commercio e e Diário da Noite – e acompanhei de perto
todas as providencias para o lançamento da nova programação. O gerente geral do
Radio Jornal era o Sr. Luiz Felipe
Vieira e o gerente de programação, Abérides
Nicéas. O Sr. Vieira disse, numa entrevista:
“A nova programação é o começo de uma
série de iniciativas visando a satisfação do nosso publico ouvinte. O radio,
como fator de progresso de um Estado ou de um País, tem de se aperfeiçoar e se
adaptar aos novos tempos.”
Uma caravana de consagrados
artistas nacionais, entre os quais Erasmo Carlos, Sergio Murilo, Wanderléa e Rosemary, veio abrilhantar o lançamento da nova
programação, realizando apresentações nos programas ”Praça da Alegria”, comandado por Walter
Spencer, no sábado, à tarde, e “Varietê”, sob o comando de Jáder de
Oliveira, no domingo, á noite.
A
equipe de produtores do “novo rádio”
era formada por Aldemar Paiva,
Nelson Pinto, Thalma de Oliveira, Alberto Lopes, Ivan Soares, Medeiros Cavalcanti, Wladimir
Calheiros, Geraldo Silva, e Manoel Barbosa.
Integrei essa valorosa equipe como coordenador do “Disco Brinde”, apresentado de segunda a
sexta-feira, as duas da tarde, sob o comando de Nilson Lins. O programa
realizava testes de conhecimentos musicais entre os ouvintes e distribuía
discos entre os premiados, numa parceria com a Fábrica de Discos Rozenblit.
Outros programas se
notabilizaram nessa fase do Radio
Jornal, Como o “Cidade Nua”, apresentado ao meio-dia com
produção de Manoel Barbosa e participação do
elenco de rádio-teatro, interpretando casos registrados nas delegacias
policiais; Nelson Pinto produzia “No Tempo da
Retreta”; Medeiros Cavalcanti fazia o “Almanaque do
Almoço”, aos domingos; Thalma de Oliveira escrevia “Retalhos do
Cotidiano” e era da consagrada Janete Clair a novela “O Renegado”, exibida as 9
da noite, enquanto os programas
esportivos tinham mais ou menos o mesmo espaço que ocupam no rádio de hoje. O discotecário na época
era o Eraldo Mendonça. Lembro que ele
foi enviado ao sul do país, para
adquirir os mais recentes lançamentos fonográficos e todos os demais discos
necessários para atualizar a discoteca, além de uma nova estrutura para
facilitar o atendimento imediato das solicitações dos ouvintes. O departamento
de radio-jornalismo era comandado pelo competente jornalista Artur Malheiros e
o espaço físico foi ampliado para receber mais maquinas de escrever e
redatores.
Ano seguinte – 1966 – Antenor
Aroxa foi contratado para conduzir o programa “Festa de Brotos”, aos sábados, à
tarde, substituindo Walter Spencer. Passei, então, à exercer a atividade de produtor de programas de auditório, experiência que me
levou a fazer a mesma coisa na
Televisão.
![]() |
O superintendente da Empresa Jornal do
Commercio, dr. Paulo Pessoa de Queiroz, ao meu lado. Momento em que a TV e o Rádio
Jornal eram
homenageadas na cidade de Vitoria de
Santo Antão (1968)
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Novela da Minha Vida: Jornais & Jornais
Sempre gostei de escrever.
Quando estudava no Ginásio São Luiz criei um jornalzinho
manuscrito, que passava de mão em mão,
divulgando eventos esportivos e culturais e algumas fofocas envolvendo
os coleguinhas do segundo período do curso colegial.
Quando comecei a trabalhar na Sul America – Companhia Nacional de Seguros
de Vida, em 1958, editei o jornal ”O
Timoneiro”, este já produzido em uma
gráfica. Circulava internamente,
com exemplares distribuídos entre
funcionários, corretores e médicos da empresa.
Ainda em 1958 comecei a colaborar
com a “Folha do Povo”, um jornal
criado para apoiar os movimentos do Partido Comunista. A redação ocupava duas
salas no Edifício Vieira da Cunha, na
Rua Floriano Peixoto e aí pude desenvolver todos
os meus desejos de ser um jornalista completo.
Comecei escrevendo uma coluna
sobre o Rádio (ainda não existia a Televisão) e, em seguida, fiz diversas matérias avulsas, uma
das quais denunciava a retirada de
corpos ainda em estado de decomposição no Cemitério de Casa Amarela.
A reportagem gerou notas de
esclarecimento por parte da Secretaria de Saúde da Prefeitura do Recife em todos os jornais da cidade. Como o jornal
apoiava o Governo pensei que fosse afastado, mas recebi parabéns não só porque
o jornal faturou a nota oficial como porque a matéria era verdadeira e ganhou
repercussão.
Foi nesse período que ingressei no Diário de Pernambuco para ser revisor (um episodio dessa
época faz parte de outro artigo deste trabalho). Ainda como colaborador, escrevi para o Diário da Manhã, dirigido pelo
jornalista Heleno Gouveia, cuja sede ainda
hoje é na Rua do Imperador.
Já existia a Televisão e
passei a editar uma coluna sobre as
atividades desenvolvidas no radio e na TV. Mas, como simples colaborador.
Experimentei vários
pseudônimos antes de assumir o Miguel Santos. Afinal, comecei mesmo num jornal
comunista e queria esconder o meu nome verdadeiro. Fui até
Francis, um colunista de discos fonográficos.
Foi a partir de 1963 que
efetivamente passei a ser jornalista
profissional atuando na Ultima Hora, um jornal também de cunho
político, sobre o qual dedico um espaço maior em outro artigo deste trabalho.
Em 1965 fui chamado pelo gerente
geral do Radio e da TV, Sr. Luiz Felipe Vieira, para assumir a editoria das colunas de rádio e televisão mantidas
pelo Jornal do Commercio (matutino) e Diario da Noite (vespertino). As colunas serviam apenas para noticiar, destacar e enaltecer o que era
feito nas Emissoras pertencentes à
Empresa. Portanto, um jornalismo parcial, que não me agradava. Mas,
tive a felicidade de merecer o apoio e a confiança do Sr. Luiz Felipe Vieira, gerente geral do Rádio e
TV-Jornal. De temperamento forte e comportamento
obsessivo pelo zelo, pelo respeito e
pela responsabilidade que todos os funcionários deveriam ter pela Empresa do
“dr. Pessoa”, o Sr, Vieira era visto com maus olhos por todos. Não é piada, mas houve um caso em que um
funcionário foi pedir um “vale” - um adiantamento de salário - porque a mãe
havia falecido e o Sr. Vieira teria dito: - “A Empresa não tem nada a ver com a
morte de sua mãe”. E negou o
adiantamento. Pois esse dirigente de
quem todos tinham medo era uma pessoa afável comigo. Foi quem me ensinou, dentro das oficinas do
Jornal, a fazer a diagramação das
colunas, arrumando os textos linotipados expostos em calandras e os clichês (fotos). Depois da montagem da
coluna um gráfico tirava uma prova a
gente fazia a revisão e autorizava a publicação. Esse trabalho puramente
artesanal levava pelo menos uma hora e
era feito pela manhã (para a edição do “Diário da Noite”, que circulava à tarde)
e à tarde (para a edição do “Jornal do Commercio” que circulava no dia
seguinte). O sr. Vieira e o gerente de programação do Radio Jornal
aprovaram a minha indicação para coordenaro programa “Disco Brinde”,
comandado por Nilson Lins.
Posso assegurar que o sr.Vieira foi
um dos que contribuíram para que eu conquistasse um
espaço no jornalismo pernambucano, ampliando meus horizontes em relação também
ao rádio.
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Uma das colunas produzidas para o “Diário da Noite”. Esta foi publicada no dia 15 de outubro de 1965.
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