O material era editado para
tirar as falhas e o editor tinha que redigir o texto de acordo com o tempo útil do filme finalizado . No caso do
mini-tape, o custo era menor, não havia muita dificuldade para editar e o
repórter podia fazer a narração e/ou
a entrevista simultaneamente com a capitação das imagens, como acontece hoje em dia. Quando ocupava a função de repórter na TV Universitária tive o privilegio de
ser um dos primeiros repórteres a utilizar o vídeo-tape portátil, mais
conhecido por mini-tape, que substituía
as câmeras de filmagem em 16 milimetros. O filme cinematográfico era mais caro e mais complicado. Exigia
laboratório para revelar as filmagens feitas.
O primeiro vídeo-tape portátil adquirido pela TV-U consistia em uma câmera e um gravador, que
fazia a gravação em fita magnética. Prático porque quando não
precisava de edição a matéria era transmitida imediatamente.
Com a mobilidade do VT portátil fiz
algumas matérias inéditas. Por exemplo: mostrar todo o funcionamento do tradicional
farol de Olinda. Fui talvez o primeiro repórter de TV e chegar
na área onde a enorme lâmpada gira durante
a noite orientando os navios que passam pela costa pernambucana. Foi
preciso autorização do Comando da Base Naval para a realização da
reportagem.
Outra matéria cheia de lances
emocionantes foi o acompanhamento da Buscada de Itamaracá, num
barco meio rústico, que exigiu muito equilíbrio e sangue frio da equipe. O mar
agitado quase jogou o câmera e o seu equipamento no
mar. Mas, conseguimos realizar a proeza
a tempo de exibir o vídeo no
programa “A Noite é do 11” , comandado por José Maria
Marques.
Quando o novo comandante do Segundo
Comando Aéreo foi realizar a sua primeira
visita à Base
Aérea de Natal (RN),
o mini-tape o acompanhou.
Viajamos num avião militar, documentamos a cerimônia de apresentação do novo comandante e retornamos ao Recife. Na
volta, o piloto achou por bem
sobrevoar o litoral num vôo rasteiro. Quase botei o intestino pela boca...
Mais dramática foi a explosão da “Fábrica de Pólvora Elephant”, que
existia em Pontezinha, no Cabo de Santo
Agostinho, em 1995.
Estava com a pauta da manhã
voltada para a chegada no aeroporto do então
Ministro da Educação, Paulo
Renato Souza Matéria recomendada até pela
TV-Educativa, do Rio de Janeiro.
No exato momento em que uma
Emissora de Rádio divulgou a ocorrência, que matou sete operários e deixou mais
de dez feridos, segui para o local, mesmo contrariando a minha equipe que achava mais importante a chegada
do Ministro. Com a câmera postada na frente da fábrica, fiz a
“cabeça” da matéria (repórter em
primeiro plano da ocorrência) registrando ao fundo a passagem das
ambulâncias conduzindo as vitimas. Terminado o trabalho, voltei a tempo de alcançar
o Ministro e gravar a coletiva de imprensa na sala vip do aeroporto.
Quando cheguei na redação levei uma
bronca do meu chefe, Luiz Maranhão Filho, alegando que
havia me arriscado muito e, contrariando a pauta, poderia ter perdido a entrevista com o
Ministro, que era muito mais importante.
As duas matérias foram enviadas,
naquele tempo via Embratel, para a edição nacional do Jornal da TV-Educativa, que era transmitido para todo o Brasil. E a surpresa
foi quando o jornal abriu com a matéria da explosão da fábrica. A entrevista com o
Ministro foi exibida no ultimo bloco do jornal.
Essa mesma fábrica de pólvora foi transferida para o município de
Barreiros, na Mata Sul do Estado, e voltou a explodir em 2013, fazendo novas
vitimas.
Reportagem na Base Aérea de Natal (RN), em 1971,
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